sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

cheiro do medo

Eu não tenho medo das pessoas. Eu tenho instinto. Instinto contra o(s) desconhecido(s). Instinto e um bocado de experiências. Não seria espantoso para mim qualquer tentativa de perturbação que eu pudesse sofrer. Seja um grito para me assustar, mãos que possam alterar meu equilíbrio ou minha temperatura, ou gargalhadas que possam ecoar em minha mente. Nada disso me seria surpresa, pois, sempre que estou sozinho pela rua, o cheiro do medo é o que meu corpo exala e é o que me rodeia. Do medo. É o sentimento base da reação que teria a qualquer tentativa. Por que o medo, e não a cautela? A pergunta é respondida por um exemplo: Quando sinto que devo temer, é quando fico à flor da pele, quando aguço meus sentidos para evitar o susto, é que eu me fragilizo e aí então o susto me toma por inteiro, mais do que se estivesse distraído. O fracasso. E por que tudo isso? Mais uma vez, essa é a minha natureza.
Quando estou nas ruas sem motivos, é como se a necessidade do medo fosse ativada. E não importa o quanto eu queira, eu não consigo ser mais forte do que minha sensibilidade e minha atenção à volta. Divido-me em três. O medo infantil que grita, chora, arranha, encolhe e esconde e busca segurança, sem harmonia social; a estabilidade e o intermédio com o mundo externo que dá gestos ao meu corpo, tornando cada movimento em cálculo, e vice-versa, procurando equivaler ao que se vê; e o receio, cautela, que arregala os olhos e sensibiliza o corpo e o que se sente, buscado reagir aos repugnantes possíveis pensamentos ou arapucas alheios.
Nenhum de nós (três) consegue enxergar que o ego é o maior erro, talvez a segunda pessoa, mas, logicamente, os dois errantes conseguem maior espaço, e a minha vida tem sofrido danos desde os surgimentos das minhas faces características.

2 comentários:

Karina Buzzi disse...

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

:/

R., R., Rosa disse...

O cheiro do medo é tão forte, que trancafia minhas palavras na garganta. É a coragem que move a doença direto até ao grito.
O cheiro do medo, faz tremer minhas mãos.


(?)