sábado, 12 de novembro de 2011
pesadelo
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
parte
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
palavras a alguém importante
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
nojo das rugas
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
corre
domingo, 18 de setembro de 2011
recorte profundo. 1.
no entanto continua vivo
domingo, 17 de julho de 2011
Ele existe em algum lugar
quinta-feira, 7 de julho de 2011
sim, é você
domingo, 15 de maio de 2011
pensar em voz alta II
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Pensar em voz alta I
sábado, 23 de abril de 2011
plebeu mal-cheiroso
Você me disse 'eu fujo de lá e você corre pra lá' e eu só pude achar que isso tinha, digamos, uma força literal; digamos que eu poderia escrever sobre isso com um sorriso sacana no rosto, bem do jeito que eu gosto. Aliás eu adoraria que você deixasse de ser interessante. Porque a tua beleza já me cansou faz tempo (tirando que tuas tatuagens estimulam em mim um fetiche que eu gosto de chamar de obscuro. Naquela época não tinhas - graças a Deus, porque eu iria mais longe, sabe-se lá onde.). Eu já conheci uns trinta e seis caras do teu tipo mais gostosos que você. A beleza em si é previsível e, meu bem, você já perdeu a pose faz tempo.
Mas, sabe? Eu não sei. Eu queria saber. Eu ainda despendo tempo aqui, escrevendo sobre o nosso desencontro. Eu ainda faria esforço pra você dormir lá em casa. Eu voltava 'de lá' mais cedo. Porque o fato de você ser um mistério indecifrável - e que assim seja, meu bem - cria entre nós um abismo. Sempre a um triz ou um abismo de poder conhecer, deveras: conhecer para dominar. A sua beleza é a mesma - tirando suas tatuagens mal feitas - mas você se torna cada dia interessante de outro jeito, do jeito que eu adoraria conhecer. Das suas novas frases e fases, das suas novas músicas e dúvidas, das suas novas drogas e fodas. Sempre novas. Sempre indefinidas. Sempre um 'eterno vir-a-ser'.
Numa lógica simples e impensada, você parece suprir o que eu quero: o meu buraco negro insaciável e o seu sempre-novo jeito de vir-a-ser. Então no mais baixo nível água com açúcar eu me vejo com instinto de sentir o teu cheiro encher as minhas mãos, a boca, de você. Mas fica chato terminar assim, de quatro, depois de tanta formalidade. Acho que cabe eu contar uma história:
No tempo em que eu fora pequeno príncipe, de todo aquele amor gratuito e inexplicável - porém real, nem eu mesmo acreditara naquilo: 'meu amor, nós nos encontramos na hora errada, e eu ainda te espero n'algum outro tempo'. Eu não acreditara, mas fora verdade. A verdade de um tempo atrás. Hoje a verdade é outra e muito menos romântica, como você sabe; mas eu confesso que a-do-ra-ria te ter agora, nesse outro tempo: o meu maior prazer seria te mandar ir embora, depois, sem remorso, sem dor, com o sorriso sacana no rosto.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
a roseira e o dente
Mas, ai, eu não quero me perder por aqui, ler alguma coisa sem sentido e deletar tudo e esquecer que eu to precisando escrever não é de hoje. Eu to precisando escrever não é de hoje e eu tenho pensado muito em mim, acho que fica claro que essas duas sentenças são bem complementares. E pra não me perder, melhor, pra me achar e fazer sentido, eu vim escrever sobre mim porque consegui me desvendar um pouquinho através do meu olhar triste sobre uma roseira. Eu me sinto como alguém que puxa um fino fio de uma toalha de mesa grande diante de algum detalhe simples e completo que a vida apresenta num cantinho do quadro que eu pinto todos os dias pelos meus olhos que são meio castanhos, meio verdes, é que depende do dia, da hora, da irritação ocular.
Antes de continuar eu só preciso constatar que queria ser assim verborrágico pessoalmente também, mas o que sobra é um silêncio de alguém incompleto, pronto a todo momento pra ouvir a frase que vai encaixar tudo no lugar, que vai dar sentido pra vida inteira. Daí ele vai ser feliz. Ai, ele sou eu, num conto bonito de livro em que nem tudo é verdade e acontece como descrito.
Mas eu vim aqui pra contar do detalhezinho bonito que eu enxerguei hoje: talvez ela tenha 15 centímetros, galhos secos, e tá decepada, mutilada. Eu não achei triste, pelo contrário, gostei da capacidade de ser real que a roseira feia tem. Eu só entendi que era uma roseira pelos espinhos nos dois galhos, marrom-morte. Tem aquela frase, ‘num deserto de almas, uma reconhece a outra’ e por aí vai, eu acho que me senti assim com a roseira, ela me sugou os olhos e eu só gostava de olhar pra ela. A gente partilhava mesmas coisas. Tem algo, em ambos, que denuncia uma beleza tardia, efêmera, que deixa marca nem sempre agradável. Os espinhos me diziam rosas. O que sobra hoje é seco. Não é triste, é seco. Não é morto, porque ainda sente a chuva.
Chuva que por sinal passou por aqui, daquelas de verão, muito barulho e cenário pra pouca existência do que se teme. Gosto de boas apresentações, creio que valorizam o que se é em essência. Boas ou más apresentações. Gosto de extremos, combatidos automaticamente pela inércia da maioria insensível. Mas eu gosto, me dou bem com as extremidades uma vez que não me mantive no centro, das atenções, dos olhares. Gosto de força, de temperamento, de tempero...
Enquanto chovia eu fui à janela impetuosamente, sem medo de que a chuva molhasse o meu quarto, um cuidado que eu normalmente prezaria. Me inclinei, aspirei com força e mais de uma vez, daí eu senti o cheiro da grama molhada. Isso me deixou bem vivo. O cheiro, as lembranças da grama cortada na escola, a chuva na pele normalmente me deixaria mais sensível, eu olhava a roseira e só conseguia ser como ela, com uma fúria de vida que há tempos eu não via. Naquele momento, nós éramos mais fortes que o resto do mundo.
Sem indagações eu aprendi com a roseira. Ela está seca, e talvez isso dure mais algum tempo, alguns meses, alguns anos. Mas enquanto a chuva existir vai haver vida também, pra ela. Em busca das rosas de outrora, ou do novo que possa surpreender. Em busca: isso é mais definitivo.
Algumas outras vezes eu abria a janela sem dúvidas, sentia o frescor da tempestade passada, até quando decidi manter a janela aberta. Não me preocupo com danos se isso me trouxer mais vida. O cheiro agora mistura a chuva, a grama, e o esgoto ali perto. Eu me lembro que a plenitude, mesmo parecendo a maior grandeza da vida, é por certo um detalhe efêmero. Um dente-de-leão, ao vento. Um daqueles ali, que só percebi depois diante da vulgaridade ao lado da roseira imponente. Ele percebeu, depois de algum tempo, que agora se parece mais com um dente-de-leão: livre – e ciente do que é ser livre. Segue ao vento, sozinho, rápido e vivo, dure o tempo que durar. Até que chega ao chão, segundos depois, ou mais. Quando o fim simboliza o recomeço. Ele agora está só e ao vento, ele agora está pleno.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
verborragia I
Era verdade era tudo verdade. Frases de impacto envolvendo grandezas. Era verdade, eu sinto na persistente existência indesejada de tudo aquilo que sempre diziam que era real enquanto eu não acreditava. Um bloco completo de prós e contras e o jogo começa a ficar um pouquinho mais sério a tal ponto de tudo – eternamente inalcançável por um triz - ou nada. Nada mesmo. Tudo aquilo que sempre dizem. Mesmo que desnecessariamente, lembro a diferença entre sentir em todos os sentidos poros respirações palpitações pensamentos de ‘acho que to tendo um ataque porra eu to escorrendo onde fica a parede mais próxima eu realmente não quero morrer agora estou desenvolvendo jogos de vídeo game de duelos tive que acordar pra parar de visualizar mais vezes a mesma cena que se repetia sistematicamente ouvindo assuntos familiares gerados de uma visão limitada do todo todos os carros tão fazendo um barulho ameaçador quadrados azuis formando um xadrez com coisinhas dentro dos quadrados como frutinhas e eu vejo exatamente como tu e na pior das hipóteses se não voltar ao normal eu me acostumo a ficar assim’ e simplesmente ouvir falar. Agora eu falo com a sobriedade transcendente do que se diz sóbrio, além do limite. Além do limite, o ilimitado, e tudo que se tem como bases padrões costumes crenças razões e sentidos do todo – toda a limitação do limitado - fica ínfimo e se perde diante do infinito que invade os olhos num ímpeto visceral. Não eu não estou fascinado e isso é só o que eu consigo ver a mais. Eu me sinto desesperado e vejo bichos na cortina, como baratas que ninguém mais vê. Eu não quero ver. O jogo do tudo ou nada me assusta e eu odeio estar engasgado com esse gosto doce na boca. Eu me encontro cansado músculos abandonados boca aberta olhar vago e parcial e pequeno eu não consigo mais suportar o gosto doce na minha garganta e se eu não me acostumar com o gosto eu poderia vomitar até me livrar do melhor e o pior que agora é mais uma parte dentro de mim e maior que eu. Alguém desliga o som, isso me incomoda e se não desligarem eu não posso dormir e se for gradual minha atenção à música será gradual a devastação irreversível da minha capacidade auditiva, alguém desliga o som. É gradual a devastação irreversível do meu cérebro. E você, podre e recatado, é gradual a devastação irreversível do seu cérebro e de todos assim como é gradual a devastação irreversível da vida minha sua de tudo que simplesmente tem a ousadia de existir. Eu com a vida em funcionamento desviado noite vivida mesmo quando não se quer mais caminhadas involuntárias e irracionais vômitos amarelos pessoas olhando catarros sabor vômito. Você e os outros com suas respectivas ausências e fugas. reverborragia reverbera verbo rompe jorra. grafia gurgitar o que signfica orto? Será que isso nunca vai passar e se passar será que não vai ser somente a ilusão de ter englobado tudo isso (maior que eu)? O meu rim dói minha boca tá mais seca que o deserto isso só me faz mal e mal pros meus rins eu morro de medo de passar na frente de hospitais. Medo e compaixão. Compaixão por perdão. Perdão por culpa. Culpa por crime. Não quero ser descoberto: Eu sou o único culpado pela devastação irreversível de mim.
Ciente. Ciente do risco e da falta dele, eu concluo que isso é apenas o começo. Ciente que vou esquecer como é sentir autodestruição e querer lembrar se melhor o tudo inalcançável por um triz ou o nada.
Agora eu me sinto pleno.
As formas são por si só.
Acende essa luz de novo. Não vou dizer mas tive pavor de ficar no escuro de olhos abertos e não conseguir enxergar.