sábado, 24 de outubro de 2009

tudo que somos

A cidade passa... a cidade é o tempo. Destruída aos poucos em novos obsoletos escombros, e diferente, ao mesmo tempo, por novas torres e enfeites.
A iluminação da cidade, os postes e a luz. Os meus ponteiros. A cada nova parte, às vezes vejo com maior clareza e eu sinto a segurança das mesmas cores e formatos memorizados. O escuro parece vazio. Como na vida, os postes vêm e vão, como uma cena de um filme bem tramado. Um ciclo. E a totalidade é grande demais pra ser alcançada ou mesmo mensurada. Infinito.
Fazer tudo parar e olhar pro céu, mas as edificações tornaram-se o cabresto do entendimento do todo. Compreender o agora é pouco pra nós. O agora é orgânico, está na pele e nos olhos, nas orelhas atentas... O horizonte interrompido pela fraqueza humana é o que intriga. A fraqueza e a petulância do homem, as minhas amarguras. Por que não a serenidade de deixar que as ruas se passem, porque assim têm de ser? E a minha observância dá espaço às nascentes de mim, e eu sinto, e a lágrima flui, e assim evidencia-se mais um ciclo. Ironia.
O tempo, o mecanismo que, admito, nunca entendi muito bem. Antes, a favor e contra. Agora, à(a) parte. E só por algum tempo, até que o tempo me faça perecer e me torne cenário morto pra qualquer devaneio... uma música que parece não ter fim. Infinito.
Isso é tudo. Isso é tudo que eu sei. Tudo que eu consigo ver. Tudo que eu posso reter no pequeno espaço do que me faz ser, do que eu faço ser.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009