segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Se não uma despedida, uma declaração de amor

Eu não gosto de partidas. Algumas vezes eu já senti como funcionam, mas a verdade é que eu nunca me sinto preparado. E dessa vez não parece diferente. O tempo parece ingrato. Mas de suas piores dores, o que mais sinto é a impotência quanto ao tempo pretérito. Não poder voltar atrás é quase tão claro quanto visíveis são as letras que trasponho agora – apesar de que a compreensão pode ser algo pra além do óbvio. Mas o que arrebata meus olhos deveras é pensar no quanto eu errei ou deixei de fazer ou por fazer.

(Antes eu deveria me justificar. Falar de quem eu sou. Eu peço pra que tudo que vem adiante seja interpretado, sentido, como uma realidade, que é nos meus olhos. Enquanto eu me entrego, não pensem se é certo ou errado. Pelos meus olhos, é só o que eu vejo, entendam. Usem, pra tanto, meus olhos!) Do futuro eu tenho mais medo que vontade. Não que isso seja uma coisa ruim, ou que a vontade seja pouca, não. Medo, de continuar me cobrando por um passado, que está por vir, e que não tenha chegado. Isso foi meio complicado: medo de me arrepender. É o risco que eu enfrento. Porque como de “um de vocês” (um de vocês, como nunca antes, além da própria família, eu tinha me sentido e talvez ainda, mais eu mesmo enquanto um de vocês). Porque como de “um de vocês”, unidos pela diferença, eu tenho sido tão único entre nós: eu me declaro torto, é difícil de entender, mas... A pessoa medíocre sem grandes feitos, fadado ao corredor não iluminado da vida dos homens que pensam igual. A perfeição atropelada – e eu não peço desculpas por admitir minha natureza. E por ser assim que a perfeição de atitudes que, eu penso, poderiam acontecer, morre em mim. Esses são meus erros e ausências com vocês e comigo, que não cabem aqui exemplos. Apenas entendam que assim é que eu sou.

Talvez eu pudesse criar um fluxo da perfeição pretendida às palavras, antes que ela morra nos meus pensamentos! Eu tento isso agora. Eu os amo! A profundidade disso é indescritível, por maior que seja o vocabulário ou a mais afiada linha de pensamento. Eu queria abraçá-los, enumerar os porquês, ajudá-los quando necessário, ser mais presente... não garanto por ser só mais um ser torto. Me cobro por parecer isso qualquer coisa tão banal, mas de fato agora eu penso que as palavras só poderiam entortar a pureza dos sentimentos. Não sei dizer o quão protegido me sinto, o quão em paz, em casa, no ninho. O quanto me faz bem ser, com vocês. Não sei traspor a força disso, que eu não consigo nem pensar, só mesmo sentir. Talvez já seja o bastante, visto que de fato o bastante é indescritível.

Foi difícil prolongar o que vem agora, apesar de saber que numa perfeição, os grandes amores não agradecem. Desde o início, palavra mais frequente é OBRIGADO. Agradeço a vocês. Se eu gosto do que sou e dos resultados que alcancei, é porque muito das cores, risos, olhares, pensamentos, ideias, expressões, jeitos; muito de vocês é hoje grande parte de mim. E o que mais uma vez me vem: obrigado. Eu, definitivamente, os amo. Quero tê-los eternamente, sem medo da força desse gigante: eternamente. Porque sei que mais forte é o elo que temos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Por mim

Hoje é um daqueles dias que não importa pra qual lado eu olhe, acabo me deparando com as derrotas. As minhas fugas. E rodeado eu não escapo, acabo em mim mesmo. Hoje eu contrario os discursos bem sucedidos e acabo pensando como eu queria que fosse diferente. Como eu gostaria de ser diferente. Eu queria explodir.
Talvez pra começar eu queria fazer mais por mim. Acho que no fundo eu nem gosto de mim. Enquanto escrevo eu imagino a minha cara amargurada, a pele esticada mapeia as imperfeições do meu rosto torto. Não gosto de lembrar o meu rosto agora. Vida torta. Eu queria não ser tão morto, por mim! Eu queria poder dizer que eu dou a própria vida por mim mesmo. Sabe, ter vontade?
Antes de tudo eu queria me pedir perdão e me perdoar. Daí eu queria explodir. A cada ofensa que me fizeram, a cada situação a contragosto. Eu queria ser mais verdadeiro comigo mesmo. Acho que eu fujo da vida. Eu choro baixinho... eu tenho medo de mostrar que eu choro, medo de me entregar a isso e medo de ser visto assim, tão vivo. Eu queria sentir, nu, na praça na minha cara na frente de todo mundo, dar um grito com medo e de vida, pra não ter mais medo: ME DEIXA VIVER!
Queria tanto lutar mais por mim... sabe, renegar a segunda opção de qualquer coisa, não me contentar com nada que não o primeiro lugar. Queria não viver de sorriso amarelo e cheio de segundas colocações. Queria não ter aprendido a falar "mas pelo menos...".
Eu não to satisfeito. O meu olhar mais vago vem de quando eu penso em mim, olho pra dentro e vejo tantos momentos, quase fotos na minha cabeça. Porque os piores momentos são sempre os mais marcantes. Acho que da amargura vem o medo de ficar sozinho. Não sozinho de fato. É não querer ficar consigo mesmo, só mais uma última fuga.
Então, por favor, pelo menos hoje, eu só não quero ficar sozinho.