quarta-feira, 21 de março de 2012

adentrar

Em 2 ou 3 dias, sem perceber. Hoje eu vi que não é mais a tua aparência que me ganha. Em dois ou três dias não são mais os teus olhos que eu busco lembrar pra mim. O teu jeito triste e deslocado me diz mais de ti, hoje, e vão além dos olhos e pra dentro. Como um líquido em rachadura, a persistência é imbatível e certa hora, dois ou três dias, a rocha cede, o líquido adentra. A rocha cede porque quis ceder. Adentrar: é o que eu espero das pessoas que me saltam aos olhos. (À)dentro.

domingo, 18 de março de 2012

o homem esquece

1. é bom passar um tempo sem ter tempo pra pensar
2. me conforta saber que só se sente uma dor de cada vez
3. em dias muito tristes, é normal esquecer-se completamente do que é felicidade
4. ítem anterior vale pra quaisquer sensações opostas. amor e ódio, nojo e atração, taquicardia e letargia.
4.1. isso porque o homem esquece

porque o homem esquece

esquece

sábado, 17 de março de 2012

cão de rua

Eu queria derreter e me enfiar num buraco. Daí no buraco eu queria tentar entender que diabos acontece comigo. Sabe um sonho? Sei lá, sonho é pretensão. Sabe um sonho? Eu queria ser normal, a ponto de no mínimo as pessoas lembrarem da minha voz. É pouco, eu sei. Eu nem sei, talvez eu imagine, mas nem sei certamente que que me deixou tão arisco ao contato humano. Hoje eu sou um cachorro de rua, que se é notado mostra os dentes e afasta até folha seca no vento. Travado, total. Cheio de tensão. Cheio de sarna, assim. Leal, como todo cão, quando vale o esforço de conquistar. Mas cão de rua nunca vale o esforço de conquistar, se não tiver o mínimo de porte. Assim vai, uivando sem som e sem sono por dentro dele mesmo. Assim vai.