domingo, 18 de setembro de 2011

recorte profundo. 1.


Fiquei procurando, numa lista de nomes que de alguma forma me são comuns, alguém pra dar boa noite. Tão cheio de alguma ausência que me fez buscar alguém pra me dizer sem querer, sem nem saber, quem eu sou. Alguéns. Eu buscava alguns nomes. Eu buscava um pouco de mim. Não encontrei e fui dormir sem saber.

no entanto continua vivo


O silêncio era capaz de derreter os seus ossos fracos, que já não faziam questão de permanerecem inteiros. As lágrimas nos olhos distorciam toda a realidade. As luzes dos carros pareciam faíscas de vida, mas estavam longe, como num quadro. Ele lembrava que o tempo passava, ele lembrava que existem tantos outros tão melhores que ele, a ponto de sentir culpa de ser amado por seus pais. Ele não tem nada mais a oferecer. Ele forçava uma válvula de escape enquanto lembrava de tudo que havia perdido e fracassado. Não consegue mais sentir dor. A casa borrada pelas lágrimas nos olhos o afastam da realidade do amanhã. Ele já tem uns tantos anos e está sozinho. Ele não tem nada melhor a dizer. You don’t have to feel guilty. Foi longe demais, o mais próximo da morte que já havia ido. Esqueceu como se ama. Esqueceu como se é triste. Esqueceu como se é feliz. Esqueceu como dói a dor. O jogo já devia ter acabado. No entanto continua vivo. No entanto, não existe nenhuma razão.