quinta-feira, 16 de julho de 2009

O limite quase imperceptível entre a bela verdade e a mentira que marca

Eu não sei ao certo por quê. Quem sabe por que ao fim dos dias, o que sobra além de mim são as minhas ausências, e as luzes que se mantêm acesas enquanto a realidade é a presença que também me acompanha. Talvez seja mesmo por ti.. pela tua vinda inesperada, pelo teu jeito que superou o imaginado e foi melhor do que qualquer forma que pudesse vir de mim.. pode até ser por um capricho efêmero que busca os teus olhos e as tuas feições.. por que não poderia ser?.. É possível que um cansaço que transborda em mim, vindo da dor de quem espera por um sopro do tempo, justamente quando tu vens... então, talvez sejas tu o meu sopro. Ou talvez, eu só esteja errando, quando tudo pode ser...
Mas não há valia em se expor as raízes, quando o que aflora em mim tem sido tão nítido e ultimamente tão experimentado. São os efeitos de algo que agora não importa por não poder ser conhecido. Eu tratarei de sentir seus efeitos!
Eu os sinto. É como a esperança de uma existência, mesmo que por pouco ou pouquíssimo tempo, que possa acompanhar a minha e se deixar acompanhar. É como se tudo que fosse diferente nos meus dias tomasse uma relevância, deveras, e então eu poderia lembrar-me de ti e mais tarde eu poderia até te contar... Entende? É uma forma, mesmo que depois eu possa descobrir que de mentira, de existir em outra existência, com mais força, e que tu também o faças. É por nós! É como lembrar e pensar em ti quando, pelas ruas, pelo meu itinerário que me ata, não há nada além ou mais puro em que eu possa pensar. Ou como um tolo, esperando por tua presença. O que pergunta por ti não se aquieta até uma resposta, e quando vens talvez eu pareça indiferente, tentando esconder essas percepções que tanto me ocorrem.. Pode ser como lembrar o teu nome, e sorrir, brando.
Mas isso tudo pode ser nada além de um estado febril vindo da dor de uma existência só.
E é por nada além dessa dúvida, que por ti, calo todos esses sentidos. Tenho medo. Tenho por ti. Não quero lhe apresentar ao meu infinito confuso, não quero confundir-te. No fundo, por todo bem que pareces me oferecer, não seria certo que nem ao menos a possibilidade de te fazer mal pudesse existir.
Mas essa, que fique claro, talvez seja só mais uma de tantas hipóteses.. já que tudo, um dia, pode ser.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

DOR

Eu não sinto nada em mim além da dor, maior que eu. A expiração é um sopro cinza, que morre ao sair da boca. Os sussurros da voz são os gritos rasgados numa garganta contida. Os passos são a condenação do tempo. E as lágrimas são a materialização da minha ruína. Eu não sou mais eu. Eu sou um corpo de dor. Eu busco, me contorço, me machuco, fecho os olhos, abro a boca, mas a dor não é física! E não há posição alguma que alivie meu tormento! E não há nada aqui além de uma existência triste ou já não há existência. Os meus olhos que já nem conseguem mais enxergar e o coração que, acelerado, pulsa forte a dor que arde em todo corpo, compassando as minhas horas de dor que insuportavelmente me enganam.

domingo, 12 de julho de 2009

A visão do que sufoca o peito.

Não há nada que acentue tanto a certeza do meu amor por ti, quanto a própria dor que sinto ao ver-te numa noite de poucas estrelas no meu céu cinza. Teu céu e tuas estrelas que devem ser especiais, e então eu peço a uma estrela cadente, perdida no teu infinito, se entrelaçar ao meu céu de um escuro interminável..
Mas, dentro de um infeliz segundo, inesperado, que tuas estrelas se envolvem em uma dança com outras estrelas que não as minhas. E minhas lágrimas desabam de um céu triste, e a dor machuca o peito, feito a chuva e os raios numa tempestade. Tanta água, mas o que deveria ser fértil continua seco e sem vida.
Bom é saber que todas as tristezas, um dia têm um fim e que todas as tempestades, um dia vão embora. E mesmo que, por mais uma vez, eu perca o sentido, eu juntarei as forças minhas, e buscarei aonde puder encontrar, mesmo que em fontes descartáveis ou em sonhos de mentira.. assim as coisas tendem a voltar ao seu (novo) lugar.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Saiba.

Quando a embriaguez toma minhas veias e se torna parte integrada de meu corpo, e quando as gotas de chuva traçam rotas sobre minhas imperfeições em retas e curvas, eu sinto seu olhar - que mesmo tão indecifrável eu posso afirmar que não estranho – me trazendo algo novo.

Em algumas horas simples que sem você não seriam tão corridas, deixei-me estar vulnerável aos seus intencionais – ou não – toques cautelosos, palavras calculadas, jogo de movimentos e, repentino, vi meu castelo de frieza e de proteção vindo, a tona, abaixo. E hoje, num [des]encontro, você retira o que é explícito e o que me resta são meus pensamentos que permanecem em ti, tão recentes, tão confusos.. Vem! Vem ser meu!

Vem, rápido! Porque eu queria que todo pudor se esvaísse num grito uniforme, desejoso de tua boca! Minha boca? Meus olhos? Meus gestos? Meus atos? Nunca ouve força maior que tanto os calculasse! E a trajetória é sempre essa, quando sinto a força de tua existência confrontando meus desejos. E se, por acaso, minha boca e meus olhos estiveram bem desenhados ao teu lado, deve-se ao fato simples de estarem ao lado dos teus, a força do desejo de serem notados por ti, inteiro.

Apenas vem! Porque no mesmo ritmo que aumenta o fluxo da chuva, minha vontade de tornar real este que agora é desejo concreto de ti aumenta! Se houvesse ao menos um canal que ligasse a voz de meus desejos e a escuta da tua mente... ao menos eu teria uma tentativa.. e eu gritaria na tua mente o que agora é certo: eu te quero sem dúvidas.

Mas no fim das contas, eu abro minhas pernas e evidencio nosso contato: a minha pele e a sua pele em uma unidade que ultrapassa qualquer lógica existente: erupções individuais e um coletivo (nós) químico, expressando o que os vocábulos erroneamente diriam como ‘na ausência de minha querida presença, ou mesmo de qualquer presença, hoje você me completa e me basta’, ocultado a esperança da pureza de qualquer sentimento nobre.

Agora a lucidez já é parte de meus sentidos, e antes que por inteiro, me entregarei num sono de inexistência, buscando a pureza num sonho infantil, mas sem medo de te encontrar naquilo que o consciente não tem o poder de controlar.

terça-feira, 7 de julho de 2009

infância

Quando eu reparo nas nuances daquilo que cobre a terra em disritmia com meus passos rápidos, por algum momento breve eu sinto que a realidade se afasta e então eu me permito ver o que ela não permite. E isso é possível só durante o tempo que eu posso caminhar em sincronia com os pensamentos, sem medo. E isso, é possível quando eu me encontro num passado palpável, não o que prendemos em nossos infinitos; mas o passado que temos hoje, e que quando nos deparamos, circunstancialmente nos envolve, brando. A materialização daquilo que nem mais nos pertence – porque o tempo já tomou as nossas marcas e o que era nosso.
E eu sei que é só nesse quadro vivo, um engano d’um passado e a negação certa d’um presente. Só lá eu vejo o meu lugar que não me pertence. Abraço um tempo que não passa com a mesma força dos nossos minutos, me perco em três ponteiros tortos de um relógio branco. Sorrio para velhas lindas cores. Um verde calmo e um azul sereno. Um cinza falante e umas cores verticais difíceis de serem nomeadas. E só eu lembro tudo que essas cores têm de mim. Mas respeito também as novas cores. Cores que [ir]realizam ainda mais o meu lugar.
Sinto a melancolia nostálgica de um domingo em todos os detalhes, até daqueles que cobrem a mesa ou se encontram jogados no chão. Envolvo-me até nos meus olhares mais sinceros e me pergunto por que os abandonei ali... Eu rio quando encontro o meu medo de andar no escuro. E quando o escuro é certo, olhar pro céu é sentir o universo.

E eu fecho as entradas da caixinha até a próxima vez que o sentido me faltar à mente.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O início...

(mas todo fim, no fundo é uma canção que atrai um novo início...)