Essa sensação novamente. Odeio-a. A vontade de me transpor para uma realidade que não é minha, que nem se quer é realidade, transborda e atormenta silenciosa e invisivelmente. E a sensação é indescritível, talvez decifrável: leva-me, deixe-me ser, deixe-me estar neste lugar. E tem forma: esfera oca, transparente e avermelhada, muito brilhante, que se inicia dentro do meu peito, seguindo às poucas carnes, à pele, aos pêlos; para fora. Faz-se grande, para fora. Cresce, pára a altura do nariz. Ruma aos meus pensamentos, duvida de minha força mental. Mas, que ousadia! Como é imbecil, como é grande e repugnante! Como se exalta! E, meu deus, como é bem sucedida! E se ao menos perfeita fosse, eu posso enxergar seus erros, mas não consigo senti-los com essa intenção! Sob que feitiço me encontro?
Tenho medo. Amanhã, reconheço, é dia de insolação, horror. Amanhã e os outros dias. Não há o que fazer, não há por onde fugir. Rendo-me, e sinto essa sensação mais freqüentemente, ou esqueço. Nada seria tão fácil.. o ócio seria tão fácil. Mas a minha inquietude, minha paixão curiosa está desperta agora. Talvez não haja mais volta.
Mais uma taça dessa sensação, talvez mais uma garrafa, e eu saberei como, por que, e de que maneira. Ah, eu o quero intensamente. É só uma questão de tempo, assim espero, enquanto vou à caça de seus motivos. Que a caça seja farta e o segredo desvendado. Não é a minha maior solução, mas encurta parte desse novo vazio que encontro em mim mesmo, diagnosticado definitivamente à segunda madrugada de terça-feira, 04/11.
Esses novos sentimentos podem mudar toda e qualquer noção estabelecida até então. Quebrando meus métodos, tão prezados, rompendo minhas convenções, até as mais recentes. E agora, o que será? E depois, o que será depois? Essa provocação, esse turbilhão em meus devaneios me assustam, e me acrescentam. Como diz a frase, o que é pra ser, será.
2 comentários:
hey! és o Marco, ator, não?
ou não? hahaha
Obrigada por adicionar, bom final de semana.
;**
Ui, que medo. Dissestes tudo o que tenho dentroe de mim... esse tudo.
E tão belo, Dostoiévsky novo. :)
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