segunda-feira, 15 de junho de 2009

o que além disso deve ser o viver?

Talvez hoje, talvez só agora, alguma coisa importante em mim mesmo tenha acompanhado as transformações que tão presentes e imperceptíveis se passam em meu mundo - que é todo meu...
(Trans)formo minhas próprias visões (literais ou não), e agora me sinto bem. Eu sinto. Eu percebo, eu sinto!

Meus dias têm sido particulares e neles – em mim – transpiram lembranças, novidades, músicas, poesias, textos filmes livros, tudo em forma de sensações que eu mesmo clamo ou então resisto enquanto puder diante da mais fantástica degustação que a nós, frágeis humanos, é possível comportar: sentir
Tateio o sentir, meus poros expandem-se e as sensações me vestem cobrindo toda pele, à flor da pele.
Sinto como se um frio, e o que eu sinto na pele sintoniza meu corpo, como a leveza de uma brisa qualquer...
em que já não se conhece o que se sente, em que a sutil linha que separa dor na pele e prazer na pele já fora infringida.

Eu lambo o sentir. Sinto seu gosto no amargo no doce no azedo no salgado da língua.
Abro a boca – e de olhos fechados me livro de pudores me entrego me permito, enchê-la do que me faça sentir.
A língua busca mais; lambuzo-me.

Eu arregalo para sentir. Eu vejo dentro de mim, vejo fora de mim, vejo longe, vejo perto... vejo de olhos fechados, vejo de olhos abertos..
vejo até o ardor que me provoca o sentir tocar meus olhos que repelem as lágrimas – aquilo que meu corpo expele.
Pupilas dilatadas, olhos bem abertos para aumentar a sensação.. às vezes meus olhos se cansam e às vezes descanso meus olhos e vejo de outra forma..

Inspiro sensações, para que por dentro possam ser transformadas.
Faço força e barulho, num ritmo que se torna a música de meus sentimentos..

Eu ouço o sentir. O que pode ser sentido invade meus ouvidos e penetra sem consentimento e com tamanha força.

Meus ouvidos decodificam e não há forma alguma que possa igualar a transmissão do sentir de forma tão bela. Ou dolorosa. Ou sensível, por si.

Dias privados, mas dias em que estou aberto, receptivo... dias únicos. Dias íntimos. Exalando a maior força de sentir, acentuando percepções. Minhas dores têm sido mais intensas e minhas alegrias mais vividas.. Eu percebo, e sinto muito. Tenho vivido de sentir.

Difícil é compreender, harmonizar-se com o que é ‘invisível’ aos olhos. Mas dizem, e creio então, que sentir é essencial. Difícil é, além, buscar a felicidade eterna, a responsabilidade de ter bons dias pra sempre.
Pois hoje, e só agora então, eu ouso romper e transformar. Ouso não deixar meus dias passarem despercebidos. Tristes, felizes, sobretudo sentidos, para que façam sentido. Isso! Não despercebidos! Perceber, sentir... o que, além disso, deve ser o viver?

... E se ao fim de cada dia o sol se por (e ele tem se posto), é porque tudo está como deve estar, como tinha de ser.. É porque as loucuras contemporâneas ainda não espantam o tempo e o mundo, e sendo assim eu devo seguir, na ciranda insana dos dias.

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