terça-feira, 30 de junho de 2009

ao fim.

É no fim do dia,
depois que o sol se põe,
e quando falar de um céu azul já parece loucura;
é quando as músicas não podem ser ouvidas;
é quando a alegria cega se desgasta,
e quando, em seu lugar, a incerteza preenche o vazio deixado;
é quando não há mais calor pra abraçar um corpo só,
e quando o frio que chega nos pede proteção;
é enquanto a própria presença se cansa,
que a ausência arrebata a existência;

é quando a luz perde a força,
e o que resta é o escuro,
que me impede de ver o mundo,
e minha dor é único grito;

e, ao desenrolar dos segundos,
o que era dúvida torna-se certeza,
e ao fim, o depois,
que só é ocupado pelas lágrimas que correm;

no início, um dia que ameniza o susto,
e as dores pareciam tão distantes,
e eu me encontrava tão lúcido...
e no fim, o escuro que me tira os fundamentos,
e o que sobra é a fragilidade,
e já não sei se o que sinto é medo da dor ou a própria dor..

Na ausência do que me conforta
percebo que segurança ainda é distante,
aprendo que a calmaria é passageira
e o que sobra ao fim (de mim mesmo)
é um sentimento, fluído, do meio do peito, vai suave aos ombros
é sinal do meu amor e da sua recusa
e ao fim, só o amargo de existir é o que resta.

Nenhum comentário: