Quando eu reparo nas nuances daquilo que cobre a terra em disritmia com meus passos rápidos, por algum momento breve eu sinto que a realidade se afasta e então eu me permito ver o que ela não permite. E isso é possível só durante o tempo que eu posso caminhar em sincronia com os pensamentos, sem medo. E isso, é possível quando eu me encontro num passado palpável, não o que prendemos em nossos infinitos; mas o passado que temos hoje, e que quando nos deparamos, circunstancialmente nos envolve, brando. A materialização daquilo que nem mais nos pertence – porque o tempo já tomou as nossas marcas e o que era nosso.
E eu sei que é só nesse quadro vivo, um engano d’um passado e a negação certa d’um presente. Só lá eu vejo o meu lugar que não me pertence. Abraço um tempo que não passa com a mesma força dos nossos minutos, me perco em três ponteiros tortos de um relógio branco. Sorrio para velhas lindas cores. Um verde calmo e um azul sereno. Um cinza falante e umas cores verticais difíceis de serem nomeadas. E só eu lembro tudo que essas cores têm de mim. Mas respeito também as novas cores. Cores que [ir]realizam ainda mais o meu lugar.
Sinto a melancolia nostálgica de um domingo em todos os detalhes, até daqueles que cobrem a mesa ou se encontram jogados no chão. Envolvo-me até nos meus olhares mais sinceros e me pergunto por que os abandonei ali... Eu rio quando encontro o meu medo de andar no escuro. E quando o escuro é certo, olhar pro céu é sentir o universo.
E eu fecho as entradas da caixinha até a próxima vez que o sentido me faltar à mente.
Um comentário:
Cores de dentro pra fora.
Ai, que bonito.
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