Ah, que lindas tuas palavras. Cheguei a me apaixonar um
pouquinho, haha.
Gosto tanto quando eu te encontro de peito-aberto, num
e-mail ou nos olhos. Fico maravilhado com a tua capacidade de ser dual: entre a
simplicidade de uma criança e a complexidade de alguém que entendeu o mundo e
tá voltando pra me contar.
Me parece que tudo é sempre resultado do trânsito entre dois
extremos opostos (já tão banal dialética que quase perde o sentido). Em geral,
quando eu entro nesse estado de devaneio, sozinho ou com alguém, pensar nisso é
um dos remédios que conseguem aquietar a minha ânsia. O outro chama tempo. Mas
como não se angustiar sabendo que o resultado é trânsito? Trânsito em si
implica em não ser definido, definitivo, e sim efêmero... Como se cura uma
febre com o remédio invisível chamado tempo? Como se cura uma febre com trânsito
entre paradoxos, tentando ao mesmo tempo aumentar e diminuir a temperatura do
corpo? E ainda assim, não se fica no mesmo lugar!? Acho que a solução é aceitar
a febre, sofrer a febre, padecer da febre.
Imagens são tudo no início [...] mas os sonhos solidificam,
viram forma e desilusão. Heiner Müller me faz pensar que essa deve ser mesmo a
tensão de viver. Estar pelo sonho, estar pela sua concretude e sofrer pela sua
eterna incapacidade de ser real. E aí sonhar de novo...
Que lindo é esse nosso dom de falar e ser entendido.
Tô amando umas palavras nesses dias: coagular, padecer,
sofrer, febre, ânsia, água-viva. Poderia escrever sobre elas e tentar entender
o porquê desse brilho dos olhos com cada uma delas, mas não.
Será que a nossa conversa fala a mesma língua? Será que o
meu português claro é o seu? A gente nunca vai saber [!]. Espero que de alguma
maneira as nossas palavras criem vínculos. Em mim, as tuas têm florescido, com
pesar ou não. Quero te ver pessoalmente pra sentir que tudo que a gente escreveu
até aqui é fugaz demais, incompleto demais pra dar conta do encontro, de
qualquer encontro, da vida em andamento. Porque, me parece, a vida, essa vida,
é uma surda-muda! Haha.
Beijo,
Nenhum comentário:
Postar um comentário