sábado, 27 de novembro de 2010

crônico

Sabe eu passei algum tempo no espelho me perguntando coisas na cabeça. Talvez eu pensasse que o espelho pudesse me responder. Eu saí de lá e tentei esquecer mas eu não conseguia. Eu não conseguia porque eu continuei olhando pra mim. Parece besteira mas eu não consigo mentir. Eu acredito que esse seja o meu problema. O que eu não consigo acreditar é como se pode arranjar problema sendo sincero consigo e com os outros. Porque a verdade só deveria trazer coisas boas. Daí eu me lembro com um riso sem saída que ninguém nunca disse que as coisas naturais deveriam ter lógica.

Eu queria estar em casa. Onde quer que seja minha casa. Eu queria me desarmar completamente pelo menos uma vez eu queria me ajoelhar e deitar a cabeça no colo da figura materna. E chorar. Eu sinto falta da minha mãe. Mãe, me diz? Mãe, me explica?

- Explicar o quê, meu filho?

- Eu pedi primeiro, mãe. Eu não sei, mãe, eu não entendo. Eu não sei de tanta coisa que eu não sei nem do que é que eu não entendo. Por que isso por que tudo? Por que que eu não entendo e por que que eu preciso entender? A maior certeza é a de não entender e a pior certeza é a necessidade tentar. Eu me pareço um babaca que de tanto pensar esqueceu.

- Mas cala a boca agora. Amar seja qual for a forma de amor é sofrer e sentir dor. Vive os teus dias e esquece. Mas tu é burro, então esquece e vive teus dias, cheio de pergunta e sofrendo até a morte.

Um comentário:

Társis disse...

E quem já não indagou ao estranho no espelho o que ele fez com aquela criança que lhe olhava com tanto brilho?

Muito bonito, irmão.
Abraço!