Eu queria alguma coisa que pudesse interferir nas dimensões do tempo. E como se não fosse mesmo um desejo óbvio, no fim das contas. Um grito, interferência sonora.
Eu queria também entender por que as palavras conseguem, com tamanha facilidade, limitar qualquer coisa que possa ser... e mais uma vez eu cairia na limitação das palavras, se de fato eu continuasse. Prefiro ser incompleto. Limitam-se, inclusive, os sentimentos, seguindo palavras e convencionalismos, a represa de um rio.
Às vezes eu só queria saber por que eu sinto desse ou daquele jeito. Tirar o asco do peito através de um pensamento coeso, que compreende e cuida. Eu acho que tô fazendo melodrama.
Talvez fosse isso mesmo, simples, que nem se vê passar.
Eu afirmo com a maior certeza: encontro-me entediado de absolutamente tudo aquilo que não era meu desde sempre. O mistério resolvido, o brinquedo velho. E eu não minto ao dizer que tenho grandes sentimentos: frustração, preguiça, sono... segue a linha.
É o olho. O olho desejoso da novidade. É o namoro seguro que perde a graça diante de uma possível entrega à, moralmente falando, puta. Mesmo que ela seja feia. O gosto doce da imaginação de um beijo. O que atrai em sua genitália é o cheiro do mistério novo, assim mesmo.
Assim mesmo. Assim humano e torto. Bem do jeito que você não pode fugir à essência, nem eu. Não faça o novo moralismo e admita antes que seja cedo, ou tarde, como for. Não tem mesmo como mentir, e Hércules só houve um. E se outro houvesse, ele saberia respeitar a parte podre do ser que vida, que tempo, que prazer, que morte.
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