quinta-feira, 15 de abril de 2010

flor

Hoje eu acordei com saudade do que eu não pude ter por inteiro. Os objetos mal iluminados de minha casa completam o espaço com suas sombras cinza. O dia hoje é cinza. Cinza é o resto sem utilidade do que um dia foi vida, morbidez. Hoje, eu queimo mais uma pétala da nossa flor: a flor que é bonita por exalar vida, que não é delicada nem tampouco bela por ser bela. A flor que, concordemos, não nos convém.
Ontem, enquanto esperei pelo meu sono, não pude conter a fluidez dos meus pensamentos rápidos, que fogem do controle. Nos meus olhos amargos eu senti ou supus os sentimentos. Imaginei suas falas, eu pude ver suas ações e repetir suas frases. Pude nos imaginar juntos e lembrar nossos dias sinceros. Pude imaginar você com outro, morrendo de amores, tentando afogar nossa flor. Me sinto como num pecado quando imagino você e ele. Eu sinto prazer quando penso, e eu me culpo mais. Será que eu gosto mesmo da dor? E eu despertei desse tormento por um momento de vida. Às vezes dormia.
Você não serve pra mim. Nós somos tão opostos... Você me faz mal. Você destrói o meu humor. Vou fazer questão de te falar de todos os meus méritos e me por acima de você. Vou te olhar com indiferença quando você disser coisas relevantes. Vou falar frases curtas que possam te fazer mal, mas não vou repeti-las quando você pedir. Eu sei o que você faz e sei é provocação, ao mesmo tempo em que sei que você ama outro e que de fato eu não tenho importância nenhuma. Saber disso me torna um idiota.
Eu deveria isso... Eu poderia aquilo... Eu conseguiria fazer tal coisa... E de fato eu estou aqui, de joelhos, perdendo tempo de coisas necessárias e que eu já nem as quero mais. Foi você. Eu perdi o interesse e foi você! Eu te amo e a culpa foi sua. E agora? E agora?

2 comentários:

Luiz Ricardo disse...

que socorro. achei agoniante e intenso, marcz! já tinha dado uma passada por aqui e adoro o seu jeito de escrita, que é todo certo e ao mesmo tempo incerto. nao sei explicar, mas a constancia das tuas palavras sao completamente inconstantes. e metafóricas. :)) saudades de conseguir usar metáforas e nao falar de sentimento tao nua e cruamente.. ehehe. beijo amiguinho

Karina Buzzi disse...

Quem sabe às vezes procuramos pela dor pra não ficar vagando no abismo do vazio.
Sentir dor, talvez, seja mais fácil, ou mais conveniente, do que ser indiferente.