segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Diferente

Diferente. Alguém normal chamaria de estranho.
É que estampas de surf não fazem o seu tipo, e quando o melhor a se fazer for esperar, ela tem por costume se apaixonar por pessoas desconhecidas. Às vezes até imagina como seria, vivendo juntos. A vida a dois dura até quando puder lembrar dos traços do rosto, ou até que outra existência seja mais egoísta e acabe fazendo esquecer... é que ela é assim, apegada mesmo: não era difícil a fazer amar.
Enquanto o tempo passa, ela se distrai e, ao longo de fatos que se passam, tão bonitos, que se fosse possível desenhá-los, que se fosse possível codificar a emoção de forma simples... ela guardaria em um caderno de fatos belos. Um pai, e três filhas: ela sorri e chora ao ver a confirmação de que a vida deve seguir, no sorriso da criança, que parece tão mais segura da vida que esta leviana garota, fruto de nossa observância. Ela chora ao ver a felicidade num detalhe que quebra a sincronia dos ponteiros e torna infinito o itinerário de apenas mais que trinta minutos, no ônibus, da casa à escola.
Ela descobre e admite. É diferente, deveras. Por fora, algo que nem sempre demonstra ou faz algum sentido, como se uma casca dura, resultado do mal que lhe fizeram, algum tempo atrás. Mas falar sobre isso também já não faz mais sentido. Por dentro ela descobre toda a delicadeza e sensibilidade dela mesma, afinal, ela sofre mesmo, quando pensa em coisas como o efeito estufa, deficiências físicas, a dor da perda ou da ausência, a falta de água ou mesmo na saudade que fica de sua mãe. Ora, ela não sabe bem o que dizer e prefere não arriscar. Irradia o que tem de precioso através do sorriso que direciona à criança..
Por dentro é a maior pérola, às vezes chaga.
Como sempre quis.

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